“Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.”
Quem me dera ter a inspiração do mineiro Rubens Alves, nascido em Boa Esperança! Se não a tenho, pelo menos registro a esperança que trago dentro de mim.
Alimento a esperança de ser um agente de transformação no mundo em que vivo. Nele, ocupo meu espaço no núcleo da Justiça. Tal núcleo se interliga a outros, os mais variados. Para poder interagir com os demais núcleos necessito ter uma visão transdisciplinar do mundo.
Destaco ser a “escutatória” uma das principais funções de todos nós, quer sejamos da área da saúde, das ciências humanas ou da área das ciências exatas. Mais ainda dos Ouvidores.
Ouvir para entender e ousar para transformar.
Se os ouvidos são indispensáveis para a compreensão, somente a ousadia aliada à perseverança serão capazes de modificar o comportamento burocrático internalizado em cada um de nós. O exemplo corriqueiro é a utilização do carimbo.
As Ouvidorias são órgãos que devem priorizar o diálogo. Enquanto não ouvirmos os dois lados, pouco faremos.
Tenho para mim que as Ouvidorias servem sobretudo para fortalecer a credibilidade nas instituições públicas e (r)estabelecer a confiança nelas depositada.
Ultrapassar a solicitação feita pelo indigitado cidadão comum e encontrar maneiras de se criar “políticas públicas de prevenção”. Exemplo: se há uma reclamação contínua de falta de atendimento telefônico em algum órgão, e em havendo motivo justificável, devem as Ouvidorias, juntamente com os demais órgãos da instituição, encontrar uma solução para a questão.
Ouvidorias, para que as quero? As quero para fortalecer a participação de cada pessoa na valorização do serviço público ou privado.
- Eduardo Sertório, Ouvidor Geral do TJPE